O turismo é
conceituado por Padilla[1]
(1992) citado por Rose (2002:02) como um fenómeno social que, consiste no
deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que,
fundamentalmente com motivo de recreação, descanso, cultura ou saúde, se
deslocam do seu lugar de residência habitual para outro, e que não exerçam nenhuma actividade
remunerada, gerando múltiplas inter- relações de importância social, económica e
cultural.
A relação entre
o turismo e património histórico-cultural é expressa pela ICOMOS[2]
patente na carta de turismo cultural de 1976 que define o turismo
cultural como sendo aquele que tem por objectivo, entre outros fins, o conhecimento
de monumentos e sítios histórico-artisticos e que exerce um efeito positivo
sobre estes e contribui para a satisfação dos próprios fins, a sua manutenção e
protecção. Este conceito remete-nos a uma troca de benefícios entre os
turistas, operadores, comunidade e os recursos patrimoniais.
A proposta
de aproveitamento apresentada neste
projecto de pesquisa foi pensada a partir da metodologia interpretativa e de
uma acção planeadora adequada com vista à uma valorização do património, quer
pelos turistas, assim como residentes.
Segundo
Murta & Goodey (2002:13) in Murta
& Albano (2002) a metodologia interpretativa valoriza a experiência do
visitante, propicia a melhor compreensão do lugar visitado, valoriza o
património histórico-cultural porque “é o processo de acrescentar valor à
experiência do visitante, por meio do fornecimento de informações e
representações que realcem a história e as características culturais e
ambientais de um lugar”.
Por sua vez Miranda
(2002:95) in Murta & Albano
(2002), considera a interpretação do património como “a arte de revelar in
situ o significado do legado natural, cultural ou histórico, ao público que
visita esses lugares em seu tempo livre”. Portanto, na óptica do autor ela
deve: provocar atenção, curiosidade ou interesse na audiência; Revelar a
essência do significado do lugar ou do objecto; Unir as partes em um todo e
produzir sensações e emoções no público, com a finalidade produzir mudanças nos
âmbitos cognitivos, afectivos e comportamentais do turista e/ou visitante.
Para estes
autores, a metodologia interpretativa procura informações que propiciem uma
nova percepção à respeito do património histórico-cultural através da
interpretação que os próprios residentes fazem dos patrimónios, permitindo a
participação dos mesmos na sua valorização.
Por fim,
Murta & Goodney[3]
citados por Magalhães (2002:120) afirmam a interpretação do património ter como
objectivo ajudar as localidades a criarem uma infra-estrutura adequada ao
desenvolvimento da actividade turística, ampliar as potencialidades, valorizar
as experiências dos visitantes, incluindo a valorização dos próprios
patrimónios, transformando em recursos da actividade turística. A interpretação
é considerada pelos autores eficaz possibilitando promover o interesse popular
e fomentar atitudes preservacionistas.
Mas para que
se aplique a metodologia de interpretação adequadamente, é necessário que se
faça um inventário turístico, para este caso, do património histórico-cultural
de modo a se conhecer todo potencial, para posteriormente, segundo modelos e
métodos adequados transformá-los em atractivos turísticos. Assim sendo, a OMT[4]
citado por Magalhães (2002:95) conceitua o inventário como:
“um instrumento sumamente valioso para a planificação
turística, tanto sectorial como territorial, pois a partir dele pode-se realizar
avaliações e estabelecer as prioridades necessárias para a aplicação dos meios
humanos e económicos com que se conta para o desenvolvimento do sector”.
Vários são
os modelos de inventariação para os recursos turísticos, no qual o património
histórico-cultural faz parte, propostos por diferentes organismos como
Organização Mundial do Turismo (OMT), Organização dos Estados Americanos,
(OEA), Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR), mas, concordando com
Magalhães (2002:96) estes devem reflectir a realidade do local. Nesta óptica, o
modelo para o inventário será baseado no proposto por Magalhães (2002), por
poder-se aplicar à categoria lugar da memória.
Este modelo
é constituído por um formulário composto de um conjunto de fichas (vide anexo
01), demonstrando fielmente a realidade do património histórico-cultural e a
sua situação, é aberto e dinâmico, permitindo introduzir, se necessário,
variações que possam ocorrer com o passar do tempo. Por outro lado, contempla
informações para uma posterior aplicação da metodologia interpretativa para o
aproveitamento turístico proposta por Murta & Goodney.
O inventário
turístico com base nos lugares de memória e a metodologia de interpretação
constituem importantes ferramentas de planeamento para intervenção turística no
património histórico-cultural, e na criação de roteiros turísticos[5]
locais.
[1] PADILLA, Ósacar de La Torre.
(1992). El Turismo, Fenómeno Social. México:Fondo de Cultura Económica
[2] Comité Internacional de Monumentos
e Sítios, disponível em www.Iphan.gov.br/porta/mostrar
[3] MURTA,
S.M; GOODNEY, B. (1995). Interpretação
do Património para o Turismo Sustentável: Um Guia. Belo Horizonte: SEBRAE
[4] OMT (1996). Planeamento para o Desenvolvimento do Turismo Sustentável em Nível
Municipal. Madrid
[5] Indicações de pontos de interesse
turístico envolvendo uma porção maior do terreno, pondedo ser percorido a pé, de carro, (...)
conforme a distância, Magalhães (2002:121).
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