Powered By Blogger

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Possibilidades do Aproveitamento Turístico do Património Histórico-Cultural


O turismo é conceituado por Padilla[1] (1992) citado por Rose (2002:02) como um fenómeno social que, consiste no deslocamento voluntário e temporário de indivíduos ou grupos de pessoas que, fundamentalmente com motivo de recreação, descanso, cultura ou saúde, se deslocam do seu lugar de residência habitual para outro, e  que não exerçam nenhuma actividade remunerada, gerando múltiplas inter- relações de importância social, económica e cultural.
A relação entre o turismo e património histórico-cultural é expressa pela ICOMOS[2] patente na carta de turismo cultural de 1976 que define o turismo cultural como sendo aquele que tem por objectivo, entre outros fins, o conhecimento de monumentos e sítios histórico-artisticos e que exerce um efeito positivo sobre estes e contribui para a satisfação dos próprios fins, a sua manutenção e protecção. Este conceito remete-nos a uma troca de benefícios entre os turistas, operadores, comunidade e os recursos patrimoniais.
A proposta de aproveitamento apresentada  neste projecto de pesquisa foi pensada a partir da metodologia interpretativa e de uma acção planeadora adequada com vista à uma valorização do património, quer pelos turistas, assim como residentes.
Segundo Murta & Goodey (2002:13) in Murta & Albano (2002) a metodologia interpretativa valoriza a experiência do visitante, propicia a melhor compreensão do lugar visitado, valoriza o património histórico-cultural porque “é o processo de acrescentar valor à experiência do visitante, por meio do fornecimento de informações e representações que realcem a história e as características culturais e ambientais de um lugar”.
Por sua vez Miranda (2002:95) in Murta & Albano (2002), considera a interpretação do património como “a arte de revelar in situ o significado do legado natural, cultural ou histórico, ao público que visita esses lugares em seu tempo livre”. Portanto, na óptica do autor ela deve: provocar atenção, curiosidade ou interesse na audiência; Revelar a essência do significado do lugar ou do objecto; Unir as partes em um todo e produzir sensações e emoções no público, com a finalidade produzir mudanças nos âmbitos cognitivos, afectivos e comportamentais do turista e/ou visitante.
Para estes autores, a metodologia interpretativa procura informações que propiciem uma nova percepção à respeito do património histórico-cultural através da interpretação que os próprios residentes fazem dos patrimónios, permitindo a participação dos mesmos na sua valorização.
Por fim, Murta & Goodney[3] citados por Magalhães (2002:120) afirmam a interpretação do património ter como objectivo ajudar as localidades a criarem uma infra-estrutura adequada ao desenvolvimento da actividade turística, ampliar as potencialidades, valorizar as experiências dos visitantes, incluindo a valorização dos próprios patrimónios, transformando em recursos da actividade turística. A interpretação é considerada pelos autores eficaz possibilitando promover o interesse popular e fomentar atitudes preservacionistas.
Mas para que se aplique a metodologia de interpretação adequadamente, é necessário que se faça um inventário turístico, para este caso, do património histórico-cultural de modo a se conhecer todo potencial, para posteriormente, segundo modelos e métodos adequados transformá-los em atractivos turísticos. Assim sendo, a OMT[4] citado por Magalhães (2002:95) conceitua o inventário como:
“um instrumento sumamente valioso para a planificação turística, tanto sectorial como territorial, pois a partir dele pode-se realizar avaliações e estabelecer as prioridades necessárias para a aplicação dos meios humanos e económicos com que se conta para o desenvolvimento do sector”.
Vários são os modelos de inventariação para os recursos turísticos, no qual o património histórico-cultural faz parte, propostos por diferentes organismos como Organização Mundial do Turismo (OMT), Organização dos Estados Americanos, (OEA), Instituto Brasileiro de Turismo (EMBRATUR), mas, concordando com Magalhães (2002:96) estes devem reflectir a realidade do local. Nesta óptica, o modelo para o inventário será baseado no proposto por Magalhães (2002), por poder-se aplicar à categoria lugar da memória.
Este modelo é constituído por um formulário composto de um conjunto de fichas (vide anexo 01), demonstrando fielmente a realidade do património histórico-cultural e a sua situação, é aberto e dinâmico, permitindo introduzir, se necessário, variações que possam ocorrer com o passar do tempo. Por outro lado, contempla informações para uma posterior aplicação da metodologia interpretativa para o aproveitamento turístico proposta por Murta & Goodney.
O inventário turístico com base nos lugares de memória e a metodologia de interpretação constituem importantes ferramentas de planeamento para intervenção turística no património histórico-cultural, e na criação de roteiros turísticos[5] locais.





[1] PADILLA, Ósacar de La Torre. (1992). El Turismo, Fenómeno Social. México:Fondo de Cultura Económica

[2] Comité Internacional de Monumentos e Sítios, disponível em www.Iphan.gov.br/porta/mostrar  

[3] MURTA, S.M; GOODNEY, B.  (1995). Interpretação do Património para o Turismo Sustentável: Um Guia. Belo Horizonte: SEBRAE

[4] OMT (1996). Planeamento para o Desenvolvimento do Turismo Sustentável em Nível Municipal. Madrid


[5] Indicações de pontos de interesse turístico envolvendo uma porção maior do terreno,  pondedo ser percorido a pé, de carro, (...) conforme a distância, Magalhães (2002:121).

Sem comentários:

Enviar um comentário